Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (13) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 2,6 milhões de bebês nascem mortos em todo o mundo - 98% desses casos ocorrem em países de baixa e média renda. A estimativa é a primeira a ser feita em nível global, e acompanhou casos de mortalidade em recém nascidos de 1995 a 2009 em todos os continentes.
No total, 69 autores de dezenas de organizações em 18 países contribuíram para a pesquisa, que aponta como um dos problemas a marginalização das mulheres após perderem os filhos. "Existe um tabu. As mulheres são marginalizadas e, em certos contextos, se acredita que se trate de um castigo divino pelos pecados da mãe", afirmou o chefe de epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Noruega, Frederik Froen.
Em 15 anos, o número de bebês que nascem mortos caiu de 3 milhões (em 1995) para 2,6 milhões em 2009. Apesar disso, a taxa de queda anual foi de apenas 1,1%. 1,8 milhão de casos (66% do total) se concentram em países bastante pobres, como Paquistão, Nigéria, Bangladesh, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Indonésia, Afeganistão, Índia, China e Tanzânia. Metade das mortes prematuras ocorre durante o parto, devido à falta de um pré-natal de qualidade nessas regiões.
Frederik Froen ressaltou que as taxas variam bastante dentro dos próprios países, como é o caso da Índia, onde alguns Estados têm uma taxa de 22 mortos a cada mil nascimentos enquanto outros atingem 66 mortos por cada mil bebês nascidos. O número total, porém, é maior no Paquistão (47), na Nigéria (42) e em Bangladesh (36), enquanto que Dinamarca e Noruega têm as taxas mais baixas - 2,2 a cada mil nascimentos.
O maior desafio da organização foi conseguir juntar dados sobre o tema, já que muitos países nem sequer registram esse tipo de morte. Apenas 63 das 193 nações analisadas apresentaram dados confiáveis, segundo a coordenadora de saúde reprodutiva da OMS, Catherine D'Arcangues.
A região mais atrasada nesse sentido é a África Subsaariana, que diminuiu a incidência de bebês nascidos mortos em 0,7% ao ano desde 1995, enquanto nas Américas o progresso mereceu destaque, com uma redução de 2,4%, segundo Catherine. O México, que com cinco mortes a cada mil nascimentos reduziu à metade o número de casos durante o período analisado, também foi destacado pela especialista.
Também chamaram a atenção da organização as causas apresentadas para esse óbitos: enquanto que nos países pobres a mortalidade nos recém nascidos está ligada às baixas condições dos sistemas de saúde e ao baixo nível de educação, nos países ricos os principais fatores são a obesidade, a idade da mãe no primeiro parto (a partir dos 35 anos) e o consumo de cigarro ou drogas durante a gravidez.
Na América do Sul, os países que mais avanços registraram foram Argentina e Costa Rica, com cinco casos por mil nascimentos cada, além de Colômbia (6), Cuba (8), Chile (9), Peru, Brasil, Guatemala (10) e Venezuela (11), enquanto os pires casos foram os de Paraguai (19), Honduras (18) e Bolívia (17), segundo a OMS