13 de abril de 2011

O uso de substâncias Psicoativas entre os alunos do curso de Fisioterpaia da Universidade Tiradentes

Trabalho realizado por:
Ananda Almeida Santana.
Elisânia Fontes Silveira.
Kátia Santana.
Otávio Manuel Miranda Santana.
* Graduandas em Fisioterapia pela Universidade Tiradentes.
Orientador:
Cláudio Moreira de Lima.
Professor da disciplina de Farmacologia do curso de Biomedicina da Universidade Tiradentes.

Resumo

O presente artigo tem como objetivo determinar a prevalência do uso de drogas psicotrópicas por estudantes do ensino superior do curso de fisioterapia da Universidade Tiradentes – UNIT e identificar fatores demográficos, psicológicos e socioculturais associados. Trata-se de um estudo transversal com uma técnica de amostragem do tipo intencional onde foi utilizado um questionário anônimo de autopreenchimento. A amostra foi construída por 120 estudantes e analisada estatisticamente visando identificar fatores que influenciam este modo de usar tais substâncias. Sendo assim conclui-se que houve uma maior disponibilidade de renda e padrões específicos de socialização indicando-os como fatores associados ao uso de drogas psicotrópicas em estudantes.
Palavras-chave: Drogas psicotrópicas; estudantes; fisioterapia; prevalência e fatores.
Resume
This article aims to determine the prevalence of psychotropic drug use by students to the course of physiotherapy at the University Tiradentes - UNIT and identify demographic, psychological, cultural and social factors. This is a cross-sectional study with a technique of intentional sampling was used where an anonymous self-administered questionnaire. The sample was built for 120 students and statistically analyzed to identify factors that influence this mode of use of such substances. Thus it is concluded that there was a greater availability of income and specific socialization patterns indicating them as factors associated with psychotropic drug use among students.
Palabras clave: Psychotropic drugs; students, physical therapy, prevalence and factors.
1 Introdução
O uso de substâncias psicoativas no Brasil é datado desde a década de 1980 e começou com o uso de drogas ilícitas como a maconha, cocaína, LSD entre outros e, sobretudo este crescimento no consumo é maior entre os estudantes.
Os estudos que vem sendo feitos desde então mostram a existência de duas vertentes muito distintas em relação às substâncias ilícitas uma de natureza emocional e outra mais realista e fundamentada em dados e resultados de pesquisas.
A extensão e a gravidade do problema que gira em torno deste consumo mostram que é preciso encontrar novas formas de tratar este problema de saúde pública. As substâncias psicoativas são um dos grandes problemas da sociedade moderna e não é somente o uso do álcool como a droga mais consumida no Brasil, mas também, ao crescimento alarmante que outras substâncias como a maconha, a cocaína e medicamentos e as alarmantes conseqüências decorrentes do seu uso.
Sendo assim, o objetivo principal deste estudo sobre o uso de substâncias psicotrópicas foi estimar a prevalência do uso de drogas, álcool, tabaco e o uso não médico de medicamentos. Este estudo foi feito com 120 estudantes do curso de fisioterapia da Universidade Tiradentes - UNIT.


2 Metodologia
Foi realizado um estudo transversal, baseado em questionário anônimo e padronizado sobre o uso de substâncias psicoativas, no curso de Fisioterapia da Universidade Tiradentes – UNIT, sendo este instrumento validado por Henrique (2004).
A amostra foi obtida por conveniência, constituiu-se de 120 (cento e vinte) discentes matriculados no curso, de diversos períodos e processo de amostragem foi casual, simples e estratificado.
Para coleta de dados, utilizou-se um questionário padronizado, de auto-preenchimento, respondido pelos próprios estudantes não sendo necessário a identificação dos mesmos. O questionário era composto de 8 (oito) questões sendo que a 7 (sete) primeiras continham subitens e a ultima apenas 1 (um) item, baseadas no Consumo de Substâncias Psicoativas, já tendo sido utilizado em outros trabalhos sob o título de Validação da Versão Brasileira do Teste de Triagem do Envolvimento com álcool, cigarro e outras substâncias. Cada resposta corresponde a um escore, que varia de 0 a 4, sendo que a soma total pode variar de 0 a 20. Considera-se a faixa de escore de 0 a 3 como indicadora de uso ocasional, de 4 a 15 como indicativa de abuso e maior que 16 como sugestiva de dependência. O questionário também apresentava perguntas relativas ao perfil da população (idade, sexo, raça, situação ocupacional), sobre o uso de tais substâncias na vida, nos últimos meses e nos últimos dias.
Os dados coletados foram analisados através de programa estatístico, Excel, utilizando o teste Chi-quadrado. Sendo esta pesquisa realizada no primeiro semestre de 2010.
3 Resultados

Foram analisados 120 questionários. O gênero masculino 21,6% e do gênero feminino 78,4% (n = 120) dos entrevistados e quanto renda familiar foi 78,4% tinham renda de 0 a 5 salários mínimos e 21,6% renda superior a 5 salários mínimos (Tabela 1).
Sexo
n = 120
%
Masculino
Feminino
26
94
21,6%
78,4%
Renda Familiar
n = 120
%
0 a 5 salários mínimos
Acima de 5 salários mínimos
94
26
78,4%
21,6%

Tabela 1.
 Características demográficas da amostra de estudantes de Fisioterapia da UNIT de Aracaju (SE), incluídos no estudo.


A distribuição da população de estudo por renda familiar encontrada na Tabela 1. Os dados mostram que as maiores proporções da amostra se encontram na fração de 0 a 5 salários mínimos (78,4%), a fração acima de 5 salários mínimos representa apenas (21,6%). Todos os questionários apresentavam informações à respeito das variáveis que permitem a classificação por renda familiar o que permite a identificação da fração de em qual renda estes que pertencem.
As Tabelas 2 e 3 mostram as distribuições do consumo de derivados do tabaco, bebidas alcóolicas, maconha, inalantes, hipnóticos / sedativos, cocaína por frações de renda familiar. Para cada uma das substâncias são consideradas 5 categorias de consumo: nunca, 1 ou 2 vezes, mensalmente, semanalmente e diariamente. Os testes estatísticos foram realizados somente para a categoria de uso atual, uma vez que o uso na vida e no último ano pode significar um uso experimental e remoto, ao mesmo tempo que o uso diário se encontra representado na categoria de uso no último mês (uso atual).

RENDA
0 a 5 SALÁRIOS
Derivados do Tabaco
Bebidas alcoólicas
Maconha
Inalantes
Hipnóticos/
sedativos
TOTAL
MASCULINO
20
7
15
0
2
1
25
FEMININO
74
12
55
2
1
4
74
TOTAL
94
19
70
2
3
5
99
Tabela 2. Distribuição do Uso de Substâncias Psicoativas de acordo Renda Familiar de 0 a 5 salários e o sexo.


RENDA + 5 SALÁRIOS
Derivados do Tabaco
Bebidas alcoólicas
Maconha
Cocaína
TOTAL
MASCULINO
6
2
5
3
1
11
FEMININO
20
3
12
1
1
17
TOTAL
26
5
17
4
2
28
Tabela 3. Distribuição do Uso de Substâncias Psicoativas de acordo Renda Familiar acima de 5 salários e o sexo.

O estudo revelou que as drogas psicoativas mais utilizadas no critério Freqüência de Consumo Durante os Três Últimos Meses foram bebidas alcoólicas (53,3%; n = 64) e derivados do tabaco (15,8%; n = 19).
Na relação entre a freqüência de utilização da substancia mencionada nos últimos três meses os índices obtidos na classificação dos entrevistados com renda entre 0 e 5 salários do sexo masculino foram 3,33% para derivados do tabaco e 11,6% para bebidas alcoólicas, não obtendo resultados para o uso de maconha, cocaína, estimulantes, inalantes, hipnóticos, drogas alucinógenas, opióides e outras. No sexo feminino os índices obtidos foram de 9,16% na utilização de derivados do tabaco, 45,8% para o álcool, 1,6% para maconha, 0,8% para inalantes, 2,5% para hipnóticos não obtendo resultados para os demais itens pesquisados. Já nos indivíduos pesquisados que apresentam renda acima de 5 salários para o sexo masculino foi observado o consumo de 1,6% relacionado a derivados do tabaco, 5% para bebidas alcoólicas e 2,5% para maconha. No sexo feminino a utilização foi de 2,5% para derivados do tabaco, 10% para bebidas alcoólicas, 0,8% para maconha e 0,8% para cocaína.
No quesito que avaliou o desejo ou urgência de consumo da droga utilizada, os indivíduos com renda entre 0 e 5 salários foram obtidos os seguintes índices para o sexo masculino: 2,5% para derivados do tabaco e 5,8% para bebidas alcoólicas. No sexo feminino os índices obtidos foram: 5% para derivados de tabaco, 21,6% para bebidas alcoólicas, 1,6% para maconha e 0,8% para inalantes. Nos entrevistados que apresentam renda superior a 5 salários os índices obtidos para indivíduos do sexo masculino foram: 1,6% relacionado a derivados de tabaco, 4,1% em relação a bebidas alcoólicas, 1,6% relacionado a maconha e 0,8% relacionado a inalantes. No sexo feminino os índices obtidos foram 2,5% relacionados a derivados do tabaco, 6,6% relacionados a bebida alcoólica, 0,8% relacionados a maconha e 0,8% relacionados a inalantes.
Quando questionados se a utilização de drogas resultou em problema de saúde, social, legal ou financeiro os índices obtidos para os entrevistados com renda entre 0 e 5 salários do sexo masculino foram: 2,5% em relação a derivados do tabaco e 2,5% em relação a bebidas alcoólicas. No sexo feminino os dados obtidos foram: 2,5% em relação a derivados do tabaco, 6,6% em relação a bebida alcoólica, 0,8% em relação a maconha, 1,6% em relação a inalantes e 0,8% em relação a hipnóticos. Nos entrevistados com renda acima de 5 salários os resultados foram: 3,3% para derivados do tabaco para o sexo masculino e 2,5% para o sexo feminino, com 1,6% relacionado a utilização de bebidas alcoólicas para o sexo feminino.
Os resultados obtidos na observação de como as drogas utilizadas afetaram atividades que seriam normalmente realizadas pelos entrevistados mas deixaram de ser feitas pelo consumo da droga foram: 1,6% relacionada a derivados do tabaco, 2,5% para bebidas alcoólicas para o sexo masculino e 2,5% para derivados do tabaco, 4,1% para bebidas alcoólicas, 1,6% para maconha, 0,8% para inalantes e 0,8% para hipnóticos, para indivíduos com renda entre 0 e 5 salários. Nos indivíduos que apresentam renda acima de 5 salários os derivados de tabaco apresentaram índice de 1,6%, bebidas alcoólicas 2,5% e maconha 1,6% para indivíduos do sexo masculino, para o sexo feminino os índices apresentados foram de 1,6% para derivados do tabaco e 1,6% para bebidas alcoólicas.
No questionamento sobre a preocupação de parentes e amigos com a utilização da droga mencionada os resultados para entrevistados com renda entre 0 e 5 salários foram: 2,5% relacionados a derivados do tabaco e 5% para bebidas alcoólicas, para indivíduos do sexo masculino. Para o sexo feminino os resultados foram: 4,1% para derivados do tabaco, 7,5% para bebidas alcoólicas, 0,8% para maconha, 0,8% para inalantes e 0,8% para hipnóticos. Nos entrevistados com renda superior a 5 salários os resultados foram de 0,8% para o sexo feminino apenas.
Quando questionados se houve tentativa de diminuição, controle o cessar da utilização da droga o resultado para indivíduos com renda entre 0 e 5 salários foi: 1,6% para derivados do tabaco e 1,6% para bebidas alcoólicas, relacionados ao sexo masculino. Já para o sexo feminino os índices foram: 2,5% relacionados a derivados do tabaco, 5% relacionados a bebidas alcoólicas, 0,8% relacionados a maconha e 0,8% relacionados a hipnóticos. Para os entrevistados com renda superior a 5 salários o resultado obtido foi somente de 0,8% para o sexo feminino relacionado ao uso de bebidas alcoólicas.
No questionamento da utilização de drogas por meio injetável os entrevistados com renda entre 0 e 5 salários,1,6% do sexo masculino utilizaram esse método,  e 0,8% do sexo feminino. Nos indivíduos com renda superior a 5 salários todos alegaram que nunca fizeram uso de drogas por meio injetável.
Para todas as substâncias pesquisadas, com exceção do álcool, observa-se tendência ao uso esporádico, apresentando altas taxas de uso para o período dos últimos 30 dias e esse fator vem a relatarmos mais uma vez que tal substância é utilizada pelo estudante de Fisioterapia por uso recreacional.


4 Conclusão

O consumo de substâncias psicoativas sempre existiu, variando somente a quantidade, o tipo de substância e o modo de uso. O dinamismo e a rapidez com que o uso e o acesso às drogas têm alcançado na atualidade tornam neces¬sário um maior entendimento sobre as conseqüências que essas substâncias podem trazer, para o que são fundamentais coletas sistemáticas de dados acerca da sua utilização, já que esse aparenta-se um sério problema de saúde pública. Isso não significa que essa seja uma tarefa fácil. Sabe-se que a abordagem dessas questões envolve fatores sociais, culturais que jamais poderão ser discutidos individualmente, mas sim com uma abordagem interdisciplinar e com a participação de todos.
As substâncias psicoativas têm produzido problemas sociais e de saúde em todo o mundo, sobretudo pela sua crescente prevalência. Os resultados deste estudo sobre o uso entre estudantes de Fisioterapia seguem na mesma direção e servem de alerta, chamando a atenção da comunidade médica e docente sobre o assunto. A expectativa da sociedade é que “cuidadores da saúde”, conhecedores dos efeitos nocivos dessas substâncias, não as utilizassem ou as consumissem em menor quantidade quando comparados aos demais grupos sociais. Entretanto, isto não é comprovado neste e em muitos outros trabalhos, o que torna o fato ainda mais grave.
Os resultados desta pesquisa reafirmam o uso esporádico e recreacional de drogas pelos estudantes de Fisioterapia, exceto do álcool que é utilizado de forma regular por grande parte dos alunos. As evidências apontam para a necessidade de as escolas formalizarem serviços de apoio psicológico aos graduandos, principalmente quando se observa dependência química. Apesar de muitas escolas já desenvolverem esse tipo de ajuda, seu resultado ainda parece precário. Sugere-se que outros trabalhos sejam empreendidos, para ampliar o arsenal de elementos na tentativa de construir soluções que possibilitem a transformação da realidade atual.
Abordar as questões do uso/abuso de substâncias psicoativas não é uma tarefa simples e, certamente, uma única disciplina jamais dará conta do fenômeno se não for abordado a partir da perspectiva da interdisciplinaridade.


Referências

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Anexos



Estado Civil: Solteiro (    )        Casado (    )        Outros (    )
Religião: _____________________________.        Idade: __________________.
Raça: Branca (    )        Parda (    )        Negra  (    )        Outra (    )
Sexo: Masculino (    )        Feminino (    )
Profissão: ____________________________.        Cidade: _________________________.
Bairro: ______________________________.        Renda Familiar: __________________.




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